quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Coisas de nomes...

Minha mãe nos contava que teve uma aluna chamada Maria Gasolina. O pai queria só Gasolina, mas o tabelião não deixou. Colocando o Maria na frente, tudo bem...

Eu tinha um colega que se chamava Washington. Mas a família insistia na pronúncia 'correta' do seu nome: Vasinguitão.

Outro colega de um dos meus irmãos chamava-se Antônio 13 de junho de 1930, dia do seu nascimento, e isto era sempre motivo de muitas risadas entre colegas. Assim que foi possível, ele mudou o nome que o envergonhava tanto. Passou a chamar-se Antônio 13 de Junho. Parece que era só o ano que o incomodava... :)


Mamãe ficou viúva muito nova. Seu nome completo de casada era Maria Julieta Ramos Pinto. Quando voltou a lecionar para poder sustentar seus 6 filhos, usou o nome de solteira, pois já estava cadastrada com ele no Estado: Maria Julieta Ramos.

Certo dia pediu-me para ir ao Banco da Lavoura (ancestral do Bradesco) para retirar seu contra-cheque, que naquele tempo não eram enviados pelo correio. Era sábado de manhã (sim, bancos funcionavam aos sábados naquele tempo!) e o banco estava cheio, principalmente de homens. Chego no caixa e peço o contra-cheque de Mª Julieta Ramos Pinto. Ele chama um funcionário, passa as instruções, e este vai nos arquivos em busca do documento. Nisto, lembro-me que minha mãe usa o nome de solteira como professora e corrijo com o caixa.

Então, ele vira-se para o funcionário já um pouco distante e grita bem alto, apontando para mim:

- Tira o Pinto dela que ela não tem Pinto não!

No mesmo instante chega o tal papel, e foi só eu sair da agência que foi uma gargalhada geral! Bem, até eu ri... :)

Ao me casar, a primeira providência que tomei no cartório foi tirar o "Pinto". Meu nome de solteira era Luzia Pinto Ferreira. Passei a chamar-me Luzia Ferreira Martin... ;)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Alunos e tarefas

Quando lecionava para a 4ª série no Pandiá Calógeras, muitos alunos eram de famílias importantes.

Certa vez, coloquei um aluno de 'castigo' depois da aula, para fazer as tarefas que não havia feito a tempo em casa. Ele me disse:

- Meu pai vem me buscar. Ele não gosta de perder tempo, vai brigar com a senhora!

De fato, o pai chega todo nervoso e me pergunta pelo filho:

- Estou atrasado! - diz ele.

- Seu filho está terminando de fazer as tarefas. Assim que terminar, ele poderá ir.

- A senhora sabe com quem está falando? (ele era deputado federal e mais alguma coisa 'importante').

- Não, por que? O senhor vai me colocar no seu testamento por ajudar seu filho a ter mais responsabilidade? Não? Então para mim o senhor é só o pai de um aluno que não cumpriu suas obrigações. É só isto que interessa. 

Sem ter como argumentar, acabou aceitando o 'castigo' do filho até o fim, que passou a fazer suas tarefas normalmente.

o mundo não mudou muito, até hoje as 'autoridades'
acham que a gente devia se comportar assim diante deles...

Outra vez Júnior, um aluno bem preguiçoso, não me deu seu caderno de tarefas para eu poder vistar. 

- Dª Luzia, a empregada brigou comigo e rasgou meu caderno. Não pude fazer nada!

-  Então vá à diretoria ligar para sua mãe (que era uma psicóloga importante).

Enquanto ele ia, abri a pasta dele e achei o caderno. Inteiro e com os exercícios por fazer... Fui encontrar-me com ele para falar com sua mãe ao telefone, que me diz:

- Estou muito aborrecida com a empregada! Vou até despedi-la! Isto é coisa que se faça? Rasgar o caderno do menino?

- Não se preocupe. Houve um milagre! O caderno está na pasta, inteirinho e incompleto. Seu filho ficará comigo depois da aula para fazer a tarefa que não fez. 

- Ah, que vergonha! Meu filho nunca mentiu e sempre acredito no que ele diz!...

Oh, santa ingenuidade de mãe! Será que uma psicóloga realmente acredita que crianças não mentem nunca? :)


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ganhar na loteria: seria esta a grande oportunidade?

Nunca pensei em ficar rica pela sorte grande da loteria.

Um professor de psicologia dizia que não existe sorte, existe 'azar'. Quando um ganha é azar para os banqueiros - e como eles não querem ter "azar", muitos apostam e só um ganha, e de vez em quando. É claro, ele dizia isto com ironia... :)

Meu irmão, um ano mais velho do que eu, aproveitou muito da minha ingenuidade. Uma vez, quando ainda éramos crianças, convenceu-me a plantar moedas que ganhava do meu padrinho, fazendo-me acreditar que iria nascer uma "árvore de moedas" no lugar... Depois o 'tratante' ia lá e 'colhia' a 'semente', ficando com todas as minhas moedas...



Já um pouco mais crescidos, continuou a "aprontar" comigo. Apostava por mim no jogo do bicho (algo comum na época, pois não era contravenção ainda) com meu dinheiro e palpites. Só que eu jogava na formiga, no boi, no marreco, no gavião, no pombo, na galinha, fosse lá o bicho com que eu houvesse sonhado. E nenhum deles era do jogo de bicho!...

Que cara de pau, este irmão!!!... Mas também era um grande companheiro de todas as horas.

Ontem, numa lotérica, onde eu fazia um pagamento já no caixa, uma senhora meio que me empurra e, toda animada mostra a raspadinha que tinha acabado de comprar e diz: "Ganhei! Está escrito 3 vezes 300 reais. Que bom estou precisando tanto!..." e entrega o bilhete à caixa, sorrindo para nós, toda feliz.

"É mesmo uma sorte!..." penso eu.

Evelyne, ao meu lado, comenta:
- Nossa, primeira pessoa que eu vejo ganhar nessas raspadinhas. Assim você até me faz acreditar nessas coisas!

Aí a moça do caixa balança a cabeça e diz:
- Não. Para ganhar o número tem que estar repetido 3 vezes na mesma bola e não 1 vez em cada uma...

Coitada!... Que decepção...



Aí me lembrei que, quando jovem, tive um sonho assim: eu estava na fila do ônibus e um vendedor de loteria (aqueles bilhetes da federal) insiste comigo para que eu comprasse o bilhete, dizia que estava premiado.
- É da vaca, e é o último que eu tenho. Compre! A sorte é sua!

No dia seguinte ao sonho, depois de lecionar toda a manhã, cansada, estava eu na fila do ônibus para ir almoçar rápido em casa e sair em seguida para ir dar aulas em outra escola quando acontece a cena igualzinha à do sonho!

Não comprei o bilhete e, contando o ocorrido em casa para meu irmão, ele me pega pelo braço e vai comigo de carro até o ponto do ônibus. Naturalmente o vendedor já não estava mais por lá.

- Você perdeu uma grande oportunidade! Nunca terá outra oportunidade igual! - Disse-me ele.

Será? Até hoje eu acho que tive muitas ótimas oportunidades na vida, e creio que soube aproveitá-las. Sinto-me realizada. Só não ganhei ainda na loteria...

Mas é como naquela piada, em que Deus um dia diz para Jacó - que vivia rezando, chorando e implorando a Deus que o fizesse ganhar na loteria: "Jacó, Jacó... para ganhar é preciso pelo menos apostar!" ;)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ser honesto... vale a pena?... (III)



Há algumas semanas atrás, num domingo à tarde, fui para a missa como costumeiramente faço. Gosto de ir de ônibus, mas este dia estava particularmente lotado.

Um rapaz me chama e gentilmente cede seu lugar. Agradeço e sento. Não é que sento-me sobre sua carteira?

O rapaz havia ficado de pé ao meu lado. Puxo suavemente seu braço e o faço abaixar-se para me ouvir. Digo baixinho:

- Você foi tão gentil!... Será que me daria um trocado para eu tomar um café?

Ele me olha, estranhando ver uma senhora relativamente bem vestida, pedindo esmola...

- Vou ver - disse-me ele, colocando a mão no bolso da calça e logo mostra uma expressão de preocupado.

E eu lhe digo:

- Não precisa, meu filho. Prefiro devolver-lhe a sua carteira, que caiu quando você se levantou...

Ganhei um beijo na testa e um grande sorriso de agradecimento.

Sim, vale a pena ser honesta! :)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ser honesto... vale a pena?... (II)

Outra vez, retirando dinheiro num caixa eletrônico da agência do banco, veio a mais uma nota de cinquenta reais.

Tirei outro extrato para ver quanto eu tinha digitado. Batia com o valor que eu havia solicitado, não com o valor que saiu.... Fui ao gerente e devolvi o dinheiro, informando em qual caixa o erro aconteceu.

- A senhora deve ter digitado errado...

Mostrei-lhe o extrato e o dinheiro. Então ele disse:

- E o que eu faço com isto?

- Bem, se o senhor não sabe, é só me devolver que eu sei muito bem o que fazer com isto!

Ele 'caiu em si' e disse:

- Vou lhe dar um recibo de devolução!

Ah, como cansa ser honesta!!!

já pensou se tivesse saído tudo isto?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ser honesto... vale a pena?... (I)

Já que falamos em 'dinheiro fácil' na última postagem :) seguem mais algumas histórias sobre dinheiro:

Uma vez, na praia, fazendo caminhada, passei por um orelhão e vi uma carteira sobre o telefone. Nela havia bastante dinheiro e cartões, além de chaves junto.

Sentei-me em um banco próximo e fiquei esperando. Passado algum tempo, veio uma jovem chorando, foi direto para o orelhão e e olha desconsolada para os lados...

- Está procurando alguma coisa? - Perguntei

- Sim, minha carteira com meu salário e documentos...

- Como ela é?

Ela descreve a carteira e o que havia dentro. Pela identidade, tudo batia.

- Olhe, minha filha, achei uma carteira e fiquei esperando virem buscar. Da próxima vez, tome mais cuidado, pois quem achar pode não ter a mesma postura.

A moça chorou mais ainda, pegou a carteira e foi embora sem nada dizer....

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

É fácil ganhar dinheiro?!...

    Frequentemente nas caminhadas achava alguma moedinha pelo chão. Um dia, em oração, pedi a Deus:
    - "Oh! Meu Deus! Que eu ache notas em vez de moedas. Isto me ajudará muito!"
    Não é que, no final da tarde do dia seguinte, ao voltar para casa, vejo no meio-fio do passeio um "leque" de notas de R$ 20!!!
    Nossa! Fiquei paralisada, olhando para os lados sem saber bem o que fazer, de quem era aquilo, imóvel.
    Rapidamente reúno as notas e entro em casa.
    Que decepção!.... Eram notas de propaganda de uma agência de empréstimos!

    Ah, a família adorou a história e zoou bastante de mim.
   - A senhora achou que Deus tinha tirado dos ricos para dar aos pobres?
   - Tia Luzia, coitado de Deus! Para atender seu pedido Ele teria que ser falsário!...
   - Deus não tem dinheiro, tem graças para dar....

   A melhor foi da minha filha:
  - Isto prova que Deus ouve nossas preces e pedidos atentamente. Mas também que ele tem muito bom-humor! Gosta de brincar...

   Até hoje guardo este "leque" com orgulho, pois sei que Deus ouve minhas preces. Mas a resposta é dada de acordo com Seus desígnios e Sua vontade!

   Desde então parei de achar modedas no chão, mas também acho que parei de procurar... ;)
Quem quer dinheiro????? :)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Oração

    Outro dia - que bem poderia ter sido uma 2ª feira :) - amanheci mal-humorada, por mais uma noite mal-dormida, apesar de ter até tomado um remédio que deveria me ajudar a dormir.
    Fiquei observando o ponteiro do relógio a voltear, pelo mostrador, como que dizendo:
    - Viu? Eu também estou acordado, e trabalhando...
    Levantei, ainda no escuro, sem saber direito o que fazer.
    Aí comecei a rezar a seguinte oração que ganhei de uma colega, orientadora de ensino na 1ª escola em que trabalhei, e que rezo sempre:


Senhor!
No silêncio desta prece, venho pedir-Te a paz, a sabedoria, a força.
Quero sempre olhar o mundo com olhos cheios de amor!
Que eu seja paciente, compreensiva, prudente.
Quero ver além das aparências os Teus filhos, como Tu mesmo os vês, e assim, Senhor, ver somente o bem em cada um deles.
Fecha meus ouvidos às calúnias e guarda minha língua das maldades, para que só de bênçãos se encha a minha alma.
Que eu seja tão bom (boa) e alegre que todos os que se aproximarem de mim sintam a Tua presença!
Reveste-me de Tua beleza, Senhor, e que no decurso deste dia eu Te revele a todos.
Amém.


E não é que ganhei "forças" para mais um dia de rotina?...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sucessos no Rio (II)

    No domingo, bem cedo, apesar da chuva, resolvemos ir para a praia. Mineiro, que não tem mar 'em casa', não consegue resistir com o mar bem na sua frente, chova ou faça sol! :)
    Na recepção do hotel, pedimos por um guarda-sol.
    - Para quê? - pergunta o funcionário sem entender bem, já que não havia sol nenhum.
    - Para não nos molharmos! O senhor não está vendo a chuva?

Quanta mineirice!!! :)

    O 'pior' é que uma das minhas colegas guardou água do mar em um vidro que tinha levado, para provar em casa que a água do mar era salgada mesmo...

Não éramos nós, mas bem que poderia ter sido... :)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sucessos no Rio (I)

    Mal nos alojamos no hotel, retiramos as roupas das malas, empoeiradas, e colocamos no guarda-roupa.
   Aí resolvemos jantar num restaurante muito chique na Av. Atlântica.
   Como chovia, coloquei minha capa de chuva, italiana, de um acetinado preto com reflexos prateados. Coisa fina! Importada.
    Todos viravam para nos olhar. Nossa! Que sucesso estávamos fazendo!...

    Não era para menos... Ao guardar a capa, coloquei atrás, presa na altura da cintura, com 2 grandes alfinetes de segurança (daqueles de fralda), uma saia de tafetá xadrez, plissada. Quando eu andava, a saia rodopiava atrás!

   Momentos de pura glória... enganosa! :)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Preconceitos...

Sempre que vejo situações de preconceito racial ou social, lembro-me de várias passagens que me mostraram como "pré-conceitos" são enganosos e errados.

1) Eu era supervisora numa escola do interior de Minas, no Triângulo mineiro, e ganhamos da Ação Social de Belo Horizonte, capital do estado, muitos cobertores e agasalhos para que fossem distribuídos na zona rural.
    Foi uma 'festa' entre os colonos da redondeza!
    Num dado momento, vejo um senhor descalço e sujo e fico com tanta pena dele que reforço seu pacote. Ele parecia-me muito necessitado. Alguns minutos depois comento com a assistente social. Ela ri muito e me diz:
    - Pois ele é o fazendeiro mais rico da região!!!

Ilustração de Mazayas - Alex Sierra
2) Nossa turma de professoras, em Belo Horizonte, era muito unida e viajávamos bastante em excursões.
    Uma vez, passando férias em Poços de Caldas, resolvemos passar o fim-de-semana no Rio de Janeiro.
    Embarcamos em um ônibus da empresa Pássaro Marrom - nome mais que adequado, pois o trajeto era em estrada de terra....
    Chegamos no Rio ao entardecer, vermelhas, cobertas de poeira da estrada! Rapidamente tomamos um táxi e fomos ao hotel onde tínhamos reservas, em Copacabana (4 estrelas!).
   Na recepção a funcionária nos olha de cima a baixo e diz:
   - Sim, há uma reserva. Mas acho que este hotel não serve para vocês. A diária é muito alta.
   Foi preciso chamar o gerente!
   Depois das desculpas, fomos para o hotel vizinho, pelo desaforo e vergonha que passamos.


Esta viagem deu 'pano para manga'! Acompanhe nas próximas postagens... :)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Idade não se muda! :)

Eu já era professora de 4ª série com vários anos de prática, pois comecei a dar aulas muito jovem. Os alunos desta idade são bastante curiosos. O 'pior' é que eu 'ainda' era solteira - casei 'tarde' para a época, com 30 anos, o que me tornava uma forte candidata ao título de solteirona, denominação terrível reservada para as 'encalhadas'...

Um dia um aluno, em plena aula, me pergunta:

- Dª Luzia, quantos anos a senhora tem?

- 23 - Respondi (24 era um número que se evitava falar, e mais que 25 já era 'velha'...)

- Que engraçado - diz o menino - Meu irmão, que está no ginásio, foi seu aluno e me disse que a senhora tinha 23 anos quando era professora dele.

- Viu, meu querido? Professora dá sempre a mesma resposta! Ela tem boa memória.

Com esta 'brincadeira', cheguei a ficar mais nova que meu irmão caçula!

Também, quem mandou ele mudar sua idade todo ano...

Eu, com "23" anos... :)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Igrejas e fé

Quando mudamos para São Paulo, gostava de entrar nas igrejas, tanto católicas quanto evangélicas e renovadoras.

Queria ser 'ecumênica' e entender porque tanta variação ao se declarar amor a Cristo.

Passeando pela Sé, vi uma pequena igreja perto de uma pracinha. Entrei. Logo os fiéis começaram a gritar, pedir perdão e confessar os pecados. Tudo aos gritos, com exagerados movimentos corporais.

Saí de mansinho... Um senhor me viu saindo e, interrompendo minha saída 'estratégica', convidou-me a participar do círculo de lamentações.

- Obrigada. Mas acontece que o meu Deus tem bons ouvidos e gosta de sentir o que temos no coração, para perdoar-nos. O Deus daqui é surdo, e com esta gritaria toda, coitado... vai ficar mais surdo ainda!

Outra vez, no Brás, entrei numa igreja majestosa, grandiosa. Sentei-me no último banco, olhando a grandiosidade da construção e meditando sobre minha pequenez. Lá na frente, perto do altar, estava um senhor abençoando um maltrapilho, barbado, sujo e chorando. Tudo sendo filmado. Aí o rapaz que estava sendo abençoado sai e volta de terno, gravata, limpo e calçado, com uma pasta executiva na mão.

De repente, o senhor que o havia abençoado me vê no meu cantinho e diz:

- Anda logo! A senhora está atrasando a gravação! Venha logo dar "seu testemunho"!

- Eu?!?! - perguntei admirada - mas...

Nisto entra no templo uma senhora correndo. Vai até o "cenário":

- Desculpe, o ônibus demorou!

E faz o papel de Mãe agradecida a Deus pelo milagre, ou melhor, pelo milagre da TV nos dias atuais....

E, para terminar: outra vez vi, perto do metrô Santana (na época era Terminal), uma sala relativamente grande, com bancos compridos, cheios de pessoas quietas em silêncio. Entrei compenetrada e logo acho um lugar para me sentar também e começo a orar em silêncio.

Daqui a pouco vem alguém e pergunta qual é a minha senha.

- Senha?!... Para que???

- Para ser atendida pelo INSS, oras!

Que decepção!

A partir desta parei de ficar entrando em todo tipo de templo e fiquei satisfeita e feliz com a minha fé de sempre....