segunda-feira, 30 de abril de 2012

Mula sem cabeça


No interior de Minas, no tempo em que eu lecionava, as pessoas acreditavam em seres fantásticos, e tinham muito medo deles.
Lendo Monteiro Lobato para os alunos, comentamos sobre o Saci Pererê e outros personagens como Mula Sem Cabeça, Boto Cor de Rosa, Sereias, Dragões, etc.
Figuras produzidas pelo medo, na escuridão e solidão... Por que não aparecem na luz do dia?
No dia seguinte uma mãe pede licença, entra na sala e diz:
- Dª Luzia, me desculpe, mas sou testemunha que "Mula Sem Cabeça" existe. Eu vi! É HOR-RÍ-VEL!! Ela soltava fogo pelas ventas e corria atrás de mim pela casa toda. Tive muitos pesadelos por cause disto!...
Agradeci o "testemunho" e perguntei:
- Onde e quando a senhora viu?
- Na fazenda, à noite, quanto eu estava sozinha em casa.
Quando ela saiu, eu disse aos alunos:
- Não vou duvidar de Dª Maria. Ela "realmente" viu na sua imaginação: o medo era tão forte que lhe pareceu real.
Como uma mula "sem cabeça" pode soltar fogo pelas "ventas"? Ventas são narinas, por onde respiramos! Como pode correr e perseguir alguém sem olhos para ver por onde vai, ou ouvidos para ouvir os sons da sua "vítima"? Como soltaria todo aquele fogo e não queimaria a casa toda? Como uma mula correndo pela casa pode não fazer barulho e sumir de repente? 
Você já viu uma? Pode confirmar que é real?
Quando eu era criança acreditava e tinha medo do Cundum Zererê. Ele fazia barulho no teto e cantava para meninos que não queriam dormir:
Cundum Zererê
Cundum Zererê
Tudo que for de carninha [carne]
passe pra cá
que eu quero papar!
E batia forte no teto. Eu, heim!... Dormia logo!....
Até hoje não gosto de barulhos noturnos e procuro dormir rapidamente... rsrs...
Achei este vídeo com uma música do "Cundum Zererê" no Youtube. É diferente da que eu conheço, mas igualmente assustadora! :) 
Assista por sua conta e risco, hehe...

2 comentários:

  1. Esse pessoal da roça não sabe nada!...
    Ficam vendo discos voadores e pensando que são mula-sem-cabeça e boitatá! kkkkkkkk

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  2. Pois eu tenho outra lembrança do "Cundum Cererê".

    Lembro que sempre fui o "chato da cebola", aquele que não comia nenhuma coisa que tivesse "gogóia".

    Assim, uma maneira que me convencer a comer e me alimentar bem, pelo menos carne (moída rs), era contar a história da onça que vivia num buraco, que um menininho ia jogar sua comida fora que ele não queria comer, e do buraco ela cantava esta música:

    "Cundum Cererê
    Cundum Cererá
    Tudo que for de comê,
    passa pra cá que eu quero papá!"

    E a onça foi ficando fortona e o menino fraquinho,
    até que ele ficou doente e a onça devorou o menino.
    Então, para inverter a história,
    eu que não queria ser como o menino fracote,
    ia comendo a carninha cada vez que a senhora cantava a musiquinha,
    e no fim, a história era recontada,
    desta vez com o menino ficando forte,
    e a onça cada vez mais fraquinha (sem a comida desperdiçada)
    até que o menino derrotou e matou a onça.

    Assim, era muito mais interessante! rs

    E sim, a música da minha memória tinha muito mais melodia, na sua doce voz!

    E esta do youtube é uma mistura de várias "cantigas" juntas.

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